25/12/2020 – Denunciado por fraude em licitação, prefeito de Niterói é investigado por esquema semelhante no RJ
G1 – RJ1
Márcia Brasil, Lucas Von Seehausen e Rogério Coutinho
Denúncia feita na semana passada pelo MPF envolve o BRT Transoceânica. MP estadual também tem suspeitas sobre obras para a FW Engenharia.
O prefeito de Niterói, Rodrigo Neves (PDT), foi denunciado pelo Ministério Público Federal (MPF) na semana passada por direcionar licitação de obras para empreiteiras que fizeram doações eleitorais. No Ministério Público estadual, ele é investigado por suspeita semelhante.
Neves foi apoiado em 2012 pelo grupo político do ex-governador Sérgio Cabral (MDB) e recebeu, oficialmente, R$ 8 milhões em doações.
Segundo o MP, ele também recebeu R$ 1 milhão de caixa dois da FW Engenharia, do empresário Flávio Werneck. Em troca, ele teria direcionado obras para a empreiteira realizar na cidade.
Ao MP, Cabral disse que ficou combinado que a “FW fizesse obras na cidade de Niterói”. O caixa dois foi confirmado por Carlos Miranda, operador financeiro de Cabral no esquema.
“Pelo o que o Flávio me relatou, ele teria ido conversar com o Rodrigo, por orientação do ex-governador Sérgio Cabral, e que nessa conversa com Rodrigo Neves teria ficado acertado que o Flávio ganharia contratos na prefeitura”, disse Miranda.
Um planilha do Tribunal de Contas do Estado (TCE) mostra que a FW Engenharia recebia R$ 11 mil da Prefeitura de Niterói em 2012, no primeiro ano de governo. Dois anos depois, saltou para R$ 22 milhões. Em 2016, passou de R$ 35 milhões.
Operação do MPF
Na semana passada, a operação do MPF que fez buscas na casa de Neves afirma que afirma que ele atuou para beneficiar a Constran S/A e a Carioca Engenharia no direcionamento do contrato do BRT Transoceânica.
Isso teria ocorrido em troca das doações feitas pelas empresas desde a época em que ele era vereador.
Eleito prefeito, Neves cancelou a licitação feita pela administração anterior que tinha escolhido outro consórcio. Segundo o MPF, tudo foi feito para favorecer empresas aliadas.
O esquema envolvia o TCE. Os conselheiros teriam recebido propina para aprovar o edital da Transoceânica. No MPF, Neves foi denunciado por corrupção passiva e fraude em licitações. No MP estadual, por corrupção passiva.
Neves chegou a ficar 3 meses preso, em 2018, por conta desta última investigação. Ele se defende das acusações.
“Nós estamos indignados porque não há nenhum elemento no pedido da medida cautelar que fale sobre qualquer tipo de vantagem que eu possa ter tido ou qualquer tipo de ação que não fosse dentro da legalidade. Quero dizer que nunca fui convidado para prestar esclarecimento sobre qualquer assunto, muito menos sobre. Se nós fôssemos convocados, convidados a prestar qualquer esclarecimento iremos prestar, porque não temos nada a dever”.