Metrópoles
Lucas Marchesini
Banco do Nordeste teria colocado tantas exigências que no fim das contas ninguém poderia se habilitar na licitação
A Controladoria-Geral da União (CGU) acredita que a quantidade de exigências feitas pelo Banco do Nordeste (BNB) na licitação que escolherá o novo gestor da sua carteira de microcrédito urbano pode acabar levando o certame a fracassar.
No fim das contas, a instituição financeira acabaria contratando diretamente a instituição que já faz a gestão da carteira, o Instituto Nordeste Cidadania (Inec), sendo que o objetivo da licitação é justamente substitui-la.
No ofício, a CGU diz que exigências da licitação podem afastar “uma parcela significativa dos potenciais parceiros”, tendo como consequência o fracasso do certame e uma posterior contratação direta do Inec. Na resposta ao ofício, o BNB afirma apenas que o INEC “não será a única opção de contratação direta”.
Caso a previsão da CGU esteja correta, todo o esforço do centrão para trocar a gestão do programa de microcrédito urbano do BNB pode ser em vão.
Em um vídeo publicado no fim de setembro deste ano, o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, pediu a cabeça de toda a diretoria do BNB. Como justificativa, ele apontou que a presidente do Inec seria filiada ao PT. Seu pleito foi em parte atendido e o então presidente do BNB, Romildo Rolim, foi demitido.
Três entidades privadas se inscreveram para participar da licitação. Uma delas, a Crednatal, já teve um parecer apontando que ela não tem a qualificação técnica para prevista no edital. O medo das outras duas participantes é de também serem desqualificadas, o que abriria o caminho para a contratação direta do Inec, conforme aventado pela CGU.
Questionado sobre a possibilidade de contratar o Inec novamente após a licitação, o BNB disse que reitera “seu compromisso com a transparência e governança dos seus processos”. “Os demais desdobramentos sobre esse credenciamento serão tempestivamente informados à sociedade”, acrescentou.