01/08/2012 – Devassa em ONG de ex-jogadora de basquete
Correio Braziliense
Edson Luiz
Policiais federais e servidores da Controladoria-Geral da União (CGU) recolheram documentos em uma ONG de Jaguariúna (SP) que comprovariam desvios de recursos no Ministério do Esporte. A entidade, dirigida pela ex-jogadora de basquete e vereadora Karina Valéria Rodrigues (PCdoB), recebeu R$ 28,1 milhões para atender 18 mil crianças e adolescentes, mas a CGU constatou que o dinheiro não foi aplicado de forma adequada. Também foram constatados indícios de superfaturamento na aquisição de alimentação, além de suspeita de uso de empresas fantasmas como fornecedoras.
Segundo relatórios da CGU, entre 2004 e 2010, a ONG Pra Frente Brasil recebeu os recursos do Ministério do Esporte para usar dentro do Programa Segundo Tempo. Porém, a controladoria constatou que o número de crianças e adolescentes atendidos com atividades esportivas foi bem inferior aos 18 mil informados pela entidade. Além disso, a ONG não comprovou ter fornecido os serviços e materiais nas quantidades e qualidade que declaravam. Conforme a CGU, não foram localizadas cerca de 1,5 mil bolas de futebol. Em janeiro de 2011, o Correio mostrou que a organização não governamental da ex-atleta era recordista no recebimento de recursos do Programa Segundo Tempo, incluindo remessas liberadas a poucos dias das eleições do ano anterior. Karina informou que todos os processos haviam sido aprovados pelos órgãos de fiscalização, tanto federais quanto estadual.
A Operação Gol de Mão, que foi desencadeada ontem pela Polícia Federal e pela CGU, e que teve a participação de integrantes do Ministério Público, fez buscas na casa da ex-jogadora de basquete e em outras cinco empresas fornecedoras da organização. Os investigadores suspeitam que trata-se de firmas fantasmas, que possuem entre os sócios pessoas de uma só família, ou estão com endereços de imóveis residenciais. Uma das sócias, por exemplo, tinha idade avançada e, com 85 anos, dificilmente, segundo a CGU, estaria à frente dos negócios.
Além disso, os auditores da controladoria constataram diversas irregularidades na execução dos contratos. Um deles foi no fornecimento de lanches para os atletas. Houve pagamento antecipado aos fornecedores, enquanto que a distribuição do reforço alimentar era menor que o previsto. As pessoas suspeitas de fraudes poderão responder por irregularidades nas licitações, peculato e formação de quadrilha, cujas penas variam entre dois e 12 anos de prisão.