04/01/2020- Empresário é 2º suspeito de envolvimento no assassinato do prefeito de Ribeirão Bonito
G1 São Carlos e Araraquara e EPTV
Motivo seria o cancelamento de contrato e falta de pagamento do serviço de transporte escolar, diz polícia. Ele não foi encontrado e outro suspeito foi preso na capital na quinta-feira (2).
Um empresário do setor de transporte é um dos suspeitos de envolvimento no assassinato do prefeito de Ribeirão Bonito (SP), Chiquinho Campaner. O motivo seria o cancelamento de um contrato de transporte escolar e a falta de pagamento de serviços prestados à prefeitura, segundo a Polícia Civil.
Campaner foi assassinado com quatro tiros no dia 26 de dezembro do ano passado. O chefe de gabinete e um amigo também forma baleados e já receberam alta.
Um áudio que circula nas redes sociais mostra uma discussão com troca de ofensas e ameaças entre o prefeito e o empresário, em 2018. (veja acima).
Empresário foragido
A Justiça expediu um mandado de prisão para o empresário, que não teve a identidade divulgada. Policiais foram até a casa dele em Ribeirão Bonito, mas ele não foi encontrado e é considerado foragido. De acordo com a polícia, objetos que podem ajudar nas investigações foram apreendidos.
ATUALIZAÇÃO: o empresário se entregou à polícia na noite de sexta.
O vigilante Cícero Alves Peixoto, também suspeito de participar do crime, foi preso na noite de quinta-feira (2) em São Paulo e confessou o crime. Segundo o delegado do Geraldo Souza Filho, ele deu detalhes de como aconteceu o assassinato.
“Foi um depoimento muito minucioso, o Cícero contou exatamente com o crime ocorreu e de que forma ocorreu.”
Em coletiva de imprensa durante a tarde desta sexta-feira (3), em São Carlos, a polícia disse que a motivação do crime foi o cancelamento do contrato referente ao serviço de transporte fornecido pelo empresário.
“Houve troca da empresa que fazia o transporte escolar. O empresário nunca se conformou com isso, sofreu vários prejuízos”, disse o delegado Geraldo Souza Filho.
Inconformado, o empresário teria planejado a emboscada que terminou com a morte do chefe do Executivo.
De acordo com a polícia, Peixoto esteve algumas vezes em Ribeirão Bonito para “conhecer o terreno”. Ele teria recebido dinheiro do empresário, mas o valor não foi divulgado. A polícia também não divulgou qual a participação de cada um no crime.
O vigilante já tem passagens pela polícia por outros dois homicídios. A advogada de defesa de Peixoto, Fabiana Luchesi, afirmou à CBN São Carlos que ele admitiu ser coautor do crime, mas não foi o responsável pela execução. “Está disposto a colaborar com as investigações, com a Justiça, e acabou declarando toda a participação dele nesse crime”, disse.
Depois da morte de Campaner, voltou a circular nas redes sociais uma gravação telefônica que mostra uma discussão entre o prefeito e o empresário, em 2018, época em que o contrato foi cancelado. Na conversa, o prefeito e o suspeito trocam ofensas e ameaças.
Em outubro de 2018, o empresário, que prestava serviços para a prefeitura desde 2005, denunciou que estava com problemas para regularizar o seu contrato na administração municipal e acusou um funcionário do Paço Municipal de estar dificultando o processo.
Na época, ele alegou que os problemas começaram a partir da gestão do prefeito Chiquinho Campaner e chegou a procurar o Ministério Público para denunciar irregularidades no setor de transportes da prefeitura e um inquérito foi aberto.
O G1 tentou contato com o MP para saber sobre o andamento da investigação, mas, devido ao recesso do judiciário, não conseguiu retorno.
Procurada pelo G1 nesta sexta-feira (3), a assessoria de imprensa da Prefeitura de Ribeirão Bonito apenas disse que o empresário não presta mais serviços para o município porque perdeu a licitação.
Segundo a polícia, os contratos do empresário com a prefeitura eram verbais. “É uma situação muito complicada que foi apurada durante as investigações. Existem muitas irregularidades apontadas lá, nas licitações, nos processos de pregão eletrônico, que devem ser investigados a fundo paralelamente ao crime de homicídio”, afirmou o delegado.
Vigilante preso
O vigilante Cícero Alves Peixoto, de 56 anos, foi detido por investigadores da Delegacia Seccional de São Carlos, que cumpriram um mandado de prisão temporária na capital paulista.
Os policiais foram até a casa do suspeito no bairro de Capão Redondo e não o encontraram, mas parentes ligaram para ele, que foi até o local e se entregou.
O carro usado por ele no dia do crime, um Honda Fit preto, foi apreendido. De acordo com a polícia, o veículo era emprestado de um amigo.
Imagens do veículo circulando por Ribeirão Bonito seguindo o carro do prefeito ajudaram a polícia a chegar até o vigilante.
O crime
Chiquinho Campaner foi morto em uma estrada de terra na zona rural, na entrada do município. Os tiros atingiram a cabeça, o peito e o corpo do prefeito que morreu no local.
No ataque, o chefe de gabinete, Edmo Gonçalo Marchetti e Ary Santa Rosa também foram baleados. Os dois tiveram ferimentos, foram levados para o hospital e já tiveram alta.
O lavrador Claudinei Bonani foi o primeiro a chegar ao local do crime e ligou para a polícia. “Vi o prefeito caído, juntamente com o Edmo [chefe de gabinete], pedindo socorro”.
Segundo a Polícia Civil, o prefeito não tinha registrado boletim de ocorrência relatando algum tipo de ameaça.
Campaner estava no primeiro mandato como prefeito, após ter sido vereador em Ribeirão Bonito.