04/05/2012 – PF apreende 2 t de remédios vencidos que iriam para SP e MG
Terra
Chico Siqueira
A Polícia Federal apreendeu nesta quinta-feira, em São José do Rio Preto, ao menos 2 t de medicamentos e produtos odontológicos e farmacêuticos, a maioria vencida, que seriam entregues a 30 prefeituras do interior de São Paulo e do triângulo mineiro. A distribuição seria feita por meio de um esquema de fraudes em licitações nas prefeituras comandado pelo presidente da Câmara de Onda Verde (SP), Vanderlei Burin.
Guardados em caixas de papelão e sacos plásticos, os produtos estavam armazenados irregularmente, em local impróprio, entre fezes de animais e veneno, numa casa de 800 m² quadrados, no Jardim Vivendas, bairro de classe média alta de São José do Rio Preto. Junto com os materiais, havia bodes e aves que eram criadas na casa, onde não morava ninguém. Foram necessárias uma viagem de caminhão basculante lotado e cinco caminhonetes cheias para transportar os produtos até a Vigilância Sanitária. Entre os produtos haviam remédios vencidos e dentro do prazo de validade e materiais como seringas, gazes, álcool, anestésicos e até equipamentos para instalação de tubos de oxigênio em pacientes submetidos a cirurgias.
De acordo com a PF, um inquérito apura o esquema. Segundo o delegado André Previatto Kodjaoglman, que preside o inquérito, Burin era dono de uma empresa que estava em nome de laranjas, usada para fraudar as licitações. A empresa, Dental Pharma, não tinha autorização da Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) para comercializar os produtos. “Como ele (Burin) não poderia participar das licitações por ser agente público, a empresa estava em nome de laranjas”, disse o delegado à imprensa.
Segundo o delegado, as fraudes nas licitações começaram a ser investigadas no ano passado, quando a PF recebeu denúncia de fraudes suspeitas e constatou que elas eram fajutas. De acordo com o delegado, a empresa vendeu materiais a pelo menos 30 prefeituras do interior de São Paulo e do triângulo mineiro por meio de licitações fraudulentas e arranjadas. Por conta das fraudes, Burin é acusado de cometer fraudes e falsidade ideológica, cujas penas podem chegar a 11 anos de reclusão.
O presidente da Câmara não foi localizado, mas o advogado dele, Régis Obregon Virigili, disse na PF que a empresa foi fechada desde 2010, quando parou de atuar no mercado. De acordo com o advogado, os materiais apreendidos estavam na casa porque seu cliente não tinha meio para transportá-lo para outro lugar. Burin agora ter de retirar os animais ( seis bodes e aves) da casa e será multado. O material apreendido, segundo a Vigilância Sanitária, será incinerado.