08/01/2011 – Cidade de Ribeirão Preto (SP) desperdiça R$ 12 mil por mês com lixo
Folha de S. Paulo
Juliana Coissi
A Prefeitura de Ribeirão Preto (313 km de São Paulo) joga literalmente no lixo R$ 12 mil por mês. Esse é o dinheiro desperdiçado com o transporte do lixo reciclável que não é aproveitado por conter sujeira ou não tem nenhuma utilidade.
Fralda suja, sapato velho, fezes e até animal morto são encontrados pela cooperativa Mãos Dadas nas sacolas de recicláveis recolhidas nas casas pela Leão Ambiental.
A “sujeira” representa pelo menos 20 das 110 toneladas mensais. Esses quase 19% não podem ser triados e vendidos pela entidade.
Esse desperdício, que já foi maior, ocorre desde o ano passado e destoa do corte do orçamento anunciado pela prefeita Dárcy Vera (DEM) anteontem –ela fará um contingenciamento de 10% do gasto municipal.
Pelo contrato com a Leão Ambiental, de 2007, a prefeitura paga R$ 546,63 por tonelada de lixo reciclável levada dos bairros até a cooperativa.
Depois da triagem, a administração desembolsa outros R$ 55,82 pelo mesmo volume de “sujeira” para seu transporte, de novo de caminhão, ao aterro sanitário.
Multiplicados pelas 110 toneladas, são desperdiçados pelo menos R$ 12 mil mensais. Em meses como dezembro, esse volume cresce para 130 toneladas –sendo 40 de sujeira–, o que faz aumentar o desperdício para R$ 24 mil.
A chefe da divisão de limpeza pública da Coordenadoria da Limpeza Urbana, Marilene do Nascimento Falsarella, admite que o valor é alto. “Precisa de maior conscientização. Não posso abrir cada saquinho antes para ver o que é ou não reciclável.”
Segundo Marilene, o trabalho de educação ambiental é feito nos bairros pela prefeitura, mas a ideia é que seja ampliada.
Em julho, quando vence o atual contrato, será aberta uma licitação em que se incluirá como exigência para a nova empresa que faça a conscientização nos bairros.
A cobertura atual ainda é tímida: apenas 10% dos bairros estão incluídos na coleta seletiva pela Leão Ambiental .
A Folha tentou ouvir Dárcy, mas foi informada que ela estava em viagem e, por isso, não poderia falar.
MELHORA
Apesar do desperdício, a cooperativa aumentou o número de integrantes, com treinamento. Isso fez com que o volume triado e vendido dobrasse em um ano.
Das 45,6 toneladas separadas por mês anteriormente, esse volume passou para 90, segundo Eliana Camolese Borges, técnica da Secretaria da Assistência Social que assessora a cooperativa.
Há previsão de criar uma segunda central de triagem para funcionar neste semestre.