10/07/2014 – Compra de uniformes vira caso de polícia
Diário do Grande ABC
Raphael Rocha
A pedido do Ministério Público, a Polícia Civil passou a investigar a compra de uniformes escolares neste ano por parte da Prefeitura de São Bernardo. Há suspeitas de evasão de divisas, falsidade de documentação e superfaturamento na aquisição dos 155 mil kits de roupas distribuídos aos alunos da rede pública.
O MP remeteu parte da apuração de eventuais irregularidades na licitação à Delegacia Seccional de São Bernardo, que a partir da próxima semana vai ouvir testemunhas sobre o caso.
Uma delas é o vereador de oposição Julinho Fuzari (PPS), autor da representação na Promotoria da cidade contestando o processo de aquisição de uniformes. O inquérito policial 6/2014 é presidido pela delegada Teresa Alves de Mesquita Gurian.
Nos últimos meses, o Diário tem mostrado série de problemas envolvendo a Capricórnio S/A, vencedora da licitação para fornecimento de uniformes aberta pelo governo Luiz Marinho (PT).
Entre eles estão o questionamento por parte dos pais das crianças atendidas a respeito da qualidade do material entregue, o reaproveitamento das etiquetas (desrespeitando o edital) e até indicação de importação da vestimenta – a Capricórnio confirmou que parte das roupas foi fabricada na China.
A Capricórnio recebeu R$ 20,7 milhões por ter vencido quatro dos seis lotes licitados. A empresa nega qualquer irregularidade cometida durante a concorrência e na entrega dos produtos entregues.
A Prefeitura não tem se posicionado sobre investigações na Secretaria de Educação, comandada por Cleuza Repulho (PT).
MAIS APURAÇÕES
O contrato entre a Capricórnio e o governo Marinho também é alvo de inquérito no Gaeco ABC (Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado).
Promotores trabalham em cima do acordo firmado neste ano e, principalmente, no convênio acertado em 2010, em que há fortes suspeitas de superfaturamento.
Houve diferença de até 131% entre itens adquiridos em São Bernardo e comprados pela prefeitura de Santos, por exemplo. Inclusive, uniformes distribuídos à rede são-bernardense de 2010 foram mais caros do que os entregues neste ano.
A investigação sobre compra de roupas escolares é desdobramento da apuração de aquisição de tênis e mochilas que também foram cedidos aos alunos do sistema municipal. Neste caso, o Gaeco ABC ajuizou ação penal pública contra Cleuza Repulho, quatro servidores públicos e 15 empresários por fraude à licitação e sobrepreço.
Segundo promotores, houve desvio comprovado de pelo menos R$ 4 milhões. A ação segue em trâmite na 2ª Vara Criminal de São Bernardo.