11/04/2013 – Polícia investiga mais de mil licitações
Bom dia
Vinícius Marques
Desvio de verba federal é principal alvo de operação que fez varredura em 79 prefeituras da região
Mil contratos suspeito. Esse foi o estopim para a Operação Fratelli, realizada anteontem na região de Rio Preto. A investigação apura quadrilha que fraudava licitações em 79 prefeituras no Interior, a maioria delas na região de Rio Preto.
O BOM DIA apurou que a suspeita de desvio de verba atinge cerca de mil licitações nas prefeituras que passaram por varredura anteontem. Os contratos foram firmados entre 2007 e o ano passado. A fraude nas prefeituras chega a R$ 1 bilhão, segundo informações do Ministério Público.
Treze pessoas foram presas na operação que apreendeu R$ 560 mil. As empresas Demop Participações e Scamatti & Seller são acusadas de comandar o grupo. Ex-prefeitos da região também são investigados.
Eles são acusados de esquema para fraudar licitações com empresas de fachada. Uma das empresas investigadas, segundo a apuração, aumentou patrimônio em 600% em apenas cinco anos. A força-tarefa que investigou as supostas fraudes é formada por integrantes do Gaeco, grupo do Ministério Público que investiga crime organizado, do Ministério Público Federal e da Polícia Federal. Centenas de CPUS de computadores das prefeituras foram apreendidos em 160 mandados.
De acordo com o delegado da Polícia Federal de Jales Cristiano de Pádua Silva, o inquérito apura crimes de desvio de verba pública, formação de quadrilha, corrupção e fraudes em licitações com recursos dos ministérios das Cidades e do Turismo.
Os recursos são liberados para os municípios por meio de emendas parlamentares. A polícia afirma que mais prefeituras podem ser investigadas e mais políticos. “As verbas chegam por meio de emendas. Se for averiguado indício de envolvimento de agentes políticos, será encaminhado para os órgãos competentes”, afirmou o delegado. Casos que envolvem prefeitos podem ser encaminhados para a Procuradoria Geral da República ou Ministério Público estadual.
A Polícia Federal cumpriu 160 mandados de busca e apreensão Um deles em uma casa em Rio Preto. Seria um empresário ligado às empresas investigadas. O MPF ainda investiga suspeita de irregularidades na liberação de recursos pela Caixa.
Outros estados/ As investigações conduzidas pelo Gaeco, MPF e Polícia Federal apontam que o grupo suspeito de fraudar licitações pretendia agir em outros estado, como Mato Grosso do Sul e Minas Gerais, que foram alertados das suspeitas de irregularidades. O BOM DIA tentou entrar em contato ontem, representantes da Demop, mas advogados da empresa não retornaram as ligações.
Presos são transferidos para Rio Preto e apuração é centralizada no Ministério Público
Três suspeitos de participar do esquema de fraudes em licitações que foram presos anteontem em São Paulo e em Campos do Jordão vão ser transferidos para Rio Preto. Eles vão juntar-se a grupo de dez pessoas que foram presas nas cidades da região. Entre elas estão donos da Demop e da empresa Scamatti e Seller. Os cinco irmãos donos da Demop foram presos. Eles foram levados para a DIG (Delegacia de Investigações Gerais). Os presos vão ser ouvidos no Ministério Público, onde os depoimentos serão centralizados. Peritos do Ministério Público virão de São Paulo para analisar o material apreendido.
O procurador da República Thiago Lacerda afirma que trata-se de um dos maiores esquemas de desvios de dinheiro público no país. Ele disse ontem que “em breve” devem ser ajuizadas as primeiras ações referentes à operação que paralisou as região anteontem. Prefeituras foram lacradas para retiradas de possíveis provas de crimes.
Deputado aparece em gravação da operação
O deputado estadual Itamar Borges (PMDB), da região de Santa Fé do Sul, foi gravado durante as investigações, segundo o jornal “O Estado de S. Paulo”. Na conversa, Itamar fala com Olívio Scamati, um dos acusados presos anteontem. Ambos falavam de liberação de verbas de emendas para obras, segundo a gravação. O deputado admitiu ontem que manteve conversas com o acusado. “Ele (Olívio) realmente me pediu emenda para uma entidade. A operação interceptou uma ligação e eu me recordo dessa conversa”, disse. A entidade é de Votuporanga. “Não sou investigado”, disse.