12/03/2014 – Vencedora de licitação preocupa até diretores
Cruzeiro do Sul
Leandro Nogueira
Acusações sobre a Procenge foi destaque nos depoimentos
A contratação da empresa Procenge para cálculo de contas de água e esgoto do Saae de Sorocaba gera preocupação até entre diretores da autarquia. A empresa venceu a licitação para um contrato de quase R$ 2 milhões, mas é investigada por fraudes e entrega de serviços e equipamentos sucateados na Paraíba, Jacareí e Araraquara. A insegurança na contratação foi revelada ontem à tarde por diretores do Saae ouvidos pela Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) que investiga a autarquia.
“Ficamos reféns da própria lei, é lógico que a preocupação existe”, disse o diretor administrativo e financeiro do Saae, Fábio Castro Martins sobre o processo licitatório. A Procenge venceu a concorrência na modalidade pregão presencial do Saae de Sorocaba.
O diretor jurídico do Saae-Sorocaba, Diógenes Bertolino Brotas, disse que não há qualquer impeditivo contra a idoneidade da empresa, que a torne inapta a participar da licitação e sua contratação. “Temos diligenciado (averiguado) desde o começo, as diligências continuam”, ressaltou Diógenes Brotas.
O vereador presidente da CPI, Carlos Leite (PT), considera a situação muito preocupante, já que a empresa teria gerado problemas na Paraíba, em Jacareí e Araraquara. “Poderemos pagar sem que o serviço seja feito”, disse o vereador. Segundo investigações do Tribunal de Contas e do Ministério Público do Distrito Federal, a Procenge recebeu valores por serviços que jamais executou. O empreendimento foi financiado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (Pnud). O órgão internacional recorreu à Justiça após pagar mais de R$ 320 mil, sem a devida prestação dos serviços.
Segundo Castro Martins, a Procenge vai fazer o processamento das emissões de todas as contas e cobranças de água e esgoto do Saae e o sistema a que estará vinculado todo o atendimento ao público, inclusive as ordens de serviço de informatização dentro da área comercial. Explicou que esse serviço atualmente é prestado pela empresa GMF, mas o contrato chegou ao término.
Outros assuntos foram abordados durante os trabalho em que também depôs o diretor operacional de água do Saae, Gilmar Buffolo. Um vídeo sobre equipamentos que poderiam evitar a cobrança pelo ar que aciona indevidamente os hidrômetros foi exibido e, diante da versão dos diretores do Saae que não podem ser instalados e da recusa dos mesmos em dar um prazo para avaliar os equipamentos, o Saae foi acusado pelo vereador Crespo (DEM) de deixar de privilegiar a população em detrimento da cobrança de tarifas mais altas. Populares também reclamam do esgoto lançado no rio Pirajibu e questionaram o papel da Cetesb, do Daee e do Comitê de Bacias Hidrográficas do Rio Sorocaba e Médio Tietê (CBH-SMT). Os vereadores agora avaliam a possibilidade de convocação do ex-prefeito Vitor Lippi (PSDB), que presidiu o CBH-SMT.