15/08/2021 – Alvo da PF repassou R$ 1,5 milhão para empresas de turismo e veículos
MidiaNews
Thaiza Assunção
Smallmed Serviços Médicos e Hospitalares recebeu R$ 8 milhões da Prefeitura de Cuiabá
A Polícia Federal identificou movimentações financeiras da empresa Smallmed Serviços Médicos e Hospitalares, investigada na Operação Curare, com uma agência de viagem, um comércio de consignação de veículos automotores e uma empresa de consultoria em gestão empresarial.
A operação, deflagrada no dia 30 de julho, apura as reiteradas contratações emergenciais de empresas para prestar serviços na área de saúde em Cuiabá, contrariando a Lei de Licitações. Os agentes políticos e as empresas são acusados de crimes de organização criminosa, corrupção ativa, corrupção passiva, contratação ilegal, pagamento irregular e perturbação de processo licitatório.
No total, a Smallmed recebeu R$ 8 milhões da gestão do prefeito Emanuel Pinheiro (MDB).
Conforme a PF, a empresa repassou R$ 642 mil para a Desta Turismo Agência de Viagem Eirel, que tem Vilmar Jose de Moraes como proprietário.
Também repassou R$ 467 mil à Stabilito e Stabilito Ltda, das empresárias Maria do Carmo Nascimento e Rosana Martins Silva Stabilito.
Além de R$ 405 mil à Paulo Roberto Assessoria Consult e Planejamento Ltda, que tem como sócios dois médicos, Juliano Vinicius Oliveira do Amaral e Paulo Cristiana Alencar de Oliveira.
A PF apontou que Paula Cristina Alencar de Oliveira e Vilmar José de Moraes, sócio da Desta Turismo, apresentam o mesmo endereço da empresa LV Serviços Médicos e Hospitalares.
Segundo a Polícia Federal, no endereço no entanto, não funciona qualquer empresa de serviços médicos, mas a sede da Pousada Baguari Pantanal, de propriedade de Paulo Roberto Oliveira do Amaral, pai de Paula Cristina Alencar de Oliveira.
A PF destacou que a LV Serviços Médicos e Hospitalares foi uma das empresas que enviou cotação de preços para uma dispesa de licitação da Prefeitura, certame em que a empresa Hipermed Serviços Médicos Hospitalares S.A. foi escolhida para gerenciar 20 leitos d UTI dos Hospital Municipal de Cuiabá.
A Hipermed, por sua vez, conforme a PF, repassou R$ 2,6 millhões para a Smallmed, “causando estranheza as movimentações em razão de se tratarem, em princípio, de empresas concorrentes no mesmo segmento de prestação de serviços hospitalares”.
O esquema
Conforme a Polícia Federal, o esquema era formado por dois núcleos: empresarial e político-administrativo.
Além da Smallmed e Hipermed, fazem parte do núcleo empresarial, conforme a Polícia Federal, a Ultramed Serviços Médicos Hospitalares; a Douglas Castro-ME (Vip Serviços Médicos); a Medserv Serviços Médicos e Hospitalares; e o Ibrasc – Instituto Brasileiro Santa Catarina.
Conforme a Polícia Federal, o grupo empresarial recebeu R$ 45 milhões da Prefeitura de Cuiabá, sendo R$ 11 milhões pagos à Hipermed; R$ 10 milhões a Douglas Castro-ME; R$ 16 milhões à Ultramed e R$ 8 milhões à Smallmed.
As investigações constataram que todas as empresas fazem parte do mesmo grupo empresarial – e atuavam no sentido de se “perpetuar” na prestação de serviços na área de saúde em Cuiabá.
Já no núcleo político é formado, de acodo com a PF, pelos secretários municipais Célio Rodrigues da Silva [Saúde] e Alexandre Beloto [interino de Gestão], ambos afastados dos cargos pela Justiça Federal.
Também comporiam o grupo o ex-secretário de Saúde Luiz Antonio Possas de Carvalho, o ex-diretor da Empresa Cuiabana de Saúde Antonio Kato e os servidores Hellen Cristina da Silva, Felipe de Medeiros Costa Franco e Mhayanne Escobar Bueno Beltrão Cabral.
As investigações apontam que eles favoreceram o suposto esquema ao permitir que as empresas seguissem recebendo por meio de contratos emergenciais.
A operação
A Operação Curare cumpriu 21 mandados de busca e apreensão em Cuiabá, Curitiba (PR) e Balneário Camboriú (SC).
Também foram cumpridas medidas cautelares de suspensão de contratos administrativos e de pagamento “indenizatórios”, bem como de suspensão do exercício de função pública.