16/01/2012 – Volta da publicidade em SP pode render R$ 41,6 mi por mês
Folha de S. Paulo
Evandro Spinelli
Empresários contestam cálculo da Fipe para licitação de abrigos de pontos em ônibus e relógios de rua
Vencedores da concorrência terão de pagar R$ 1,04 milhão por mês à prefeitura em 25 anos de contrato
A propaganda nos pontos de ônibus e relógios de rua de São Paulo podem render até R$ 41,6 milhões para as empresas vencedoras da licitação que a prefeitura vai abrir até o mês que vem.
O cálculo foi feito pela Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas), da USP, contratada pela prefeitura. Mas empresários do ramo duvidam dos cálculos.
Os valores foram usados como referência para calcular o lucro potencial da empresa e o valor que a prefeitura cobrará pela concessão.
Um dos empresários consultados pela Folha explicou, sob a condição de anonimato, por que o faturamento não deve chegar nem perto do estimado pela Fipe.
Nos cálculos do instituto, cada face de anúncio nos relógios seria vendido a R$ 1.215 por semana. Nos abrigos, a R$ 790. Para o empresário, o valor calculado está muito acima da realidade.
Outro ponto é que o mercado paulistano não comporta esse volume de gastos em São Paulo. Há cinco anos, quando os outdoors ainda eram permitidos, todo o setor no país faturava cerca de R$ 220 milhões por mês.
Com a volta dos anúncios no mobiliário urbano, mas sem outdoors, não seria possível atingir os níveis de faturamento de 2007.
A estimativa da Fipe é que a instalação de 7.500 abrigos custem R$ 550 milhões e a de mil relógios, R$ 150 milhões.
O investimento terá de ser feito em até seis anos para os abrigos -ou seja, pode terminar até 2018- e três para os relógios -até 2015. Ganha pontos na licitação quem apresentar, na proposta, um cronograma mais curto.
Além disso, as empresas terão de pagar ao menos R$ R$ 1,04 milhão por mês para a prefeitura ao longo dos 25 anos de contrato como uma espécie de “aluguel”.
E há o “ônus inicial” -valor que a empresa oferecerá para ser pago no primeiro ano do contrato e ganhar pontos na licitação.
O mercado aposta que empresas multinacionais possam oferecer algo na casa da centena de milhões de reais para conquistar o contrato.
A referência é a licitação de Nova York, há seis anos, vencida pela espanhola Cemusa com a proposta de US$ 1 bilhão à vista.