19/08/2022 – Escândalo na Casa de Leis campineira
Correio Popular
Acusado de corrupção passiva, o presidente da Câmara Municipal de Campinas, Zé Carlos (PSB), deve à Justiça e ao cidadão campineiro boas explicações sobre o objeto das denúncias formalizadas junto ao Ministério Público de São Paulo, especialmente no que tange à renovação do contrato de concessão da TV Câmara, cuja licitação venceu em maio deste ano. Independentemente do teor exato do conteúdo das três gravações de conversas de Zé Carlos e seu comissionado Rafael Creato, de posse dos promotores que investigam o caso, o fato é que o presidente do Legislativo ignorou a proposta de outras empresas interessadas em prestar um serviço de produção televisiva mais adequado, com melhor conteúdo e com preço mais em conta aos cofres da Casa de Leis para renovar o contrato com o atual concessionário de forma obscura e sem qualquer nível de transparência que a matéria exige.
Em outubro do ano passado, Zé Carlos comunicou que faria uma licitação visando a nova concessão do canal oficial de televisão do Legislativo campineiro. Eis que, surpreendentemente, em maio deste ano, o presidente da Casa decidiu apenas aditivar e renovar o contrato de concessão por mais um ano com o mesmo concessionário, sem licitação. Agora que as denúncias de corrupção passiva mediante pedido de pagamento de propina para renovar contratos de terceirizadas vieram à tona, detonando a operação do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), batizada de “Lambuja”, o empresário envolvido no caso declarou que, pasmem, Zé Carlos teria lhe pedido o pagamento da propina para renovar o contrato, mas que ele não teria pago a tal “lambuja” gentilmente solicitada pela maior autoridade do Legislativo (sic). Ora, quem em sã consciência pode imaginar que o corruptor confesse que pagou ao corrupto, apresentando provas da liquidação da fatura, com o devido comprovante do depósito com o número do pix? Querem enganar a quem?-
Padre Vieira ao ver tanta iniquidade no Maranhão, disse: “Vede se é certa a minha verdade: que não há verdade no Maranhão, por aqui até o sol e os céus mentem”. Claro, que o clérigo estava se referindo às intempéries do tempo, mas as suas sábias palavras cabem perfeitamente para ilustrar a postura zombeteira desses algozes da moralidade e do patrimônio público, que protagonizam esse escárnio com os recursos públicos. Agora, é preciso cobrar uma atitude firme da Casa de Leis, visando a esclarecer esse lamentável capítulo da história do Legislativo campineiro.