20/01/2015 – Funcionários da ativa na mira
O Tempo
Após auditoria interna indicar irregularidades, PF abre nova investigação contra a Petrobras
São Paulo. A Polícia Federal ampliou a investigação sobre corrupção na Petrobras para apurar se atuais executivos e funcionários de segundo escalão cometeram crimes em conluio com os ex-diretores já acusados na operação Lava Jato. A abertura da nova linha de apuração tem como base auditorias da própria Petrobras concluídas em novembro. Elas indicaram ilegalidades e descontroles em licitações das refinarias Abreu e Lima (Pernambuco) e do Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj).
Também será investigado o depoimento de um funcionário da estatal que afirmou à Polícia Federal ter sido perseguido e perdido cargo de chefia após se opor a irregularidades na Refinaria de Paulínia (Replan).
As apurações da Petrobras sobre Abreu e Lima e o Comperj responsabilizam 15 gerentes e funcionários pelas irregularidades em contratos para obras das refinarias, além dos ex-diretores Paulo Roberto Costa (Abastecimento), Renato Duque (Serviços) e Pedro Barusco (Engenharia), que já são investigados na Lava Jato.
As auditorias indicaram a necessidade de enviar as conclusões à área jurídica da estatal para eventual adoção de medidas administrativas e trabalhistas contra os atuais executivos. Mas o que a PF quer saber é se eles participaram dos crimes cometidos pelos ex-diretores já denunciados.
A ampliação da investigação por parte da PF também pode atingir escalões superiores da companhia, uma vez que vários acusados, como o ex-diretor da área Internacional Nestor Cerveró, afirmam que seus atos considerados suspeitos foram aprovados por colegiados da cúpula da estatal.
O que chamou a atenção da PF nos relatórios das sindicâncias foi que as graves irregularidades listadas poderiam ter sido facilmente detectadas por funcionários que rodeavam os ex-diretores já denunciados. A constatação levantou a suspeita de que os ex-dirigentes não tenham agido sozinhos no esquema.
Nessa nova frente de apuração, os policiais esperam contar com depoimentos de funcionários que perceberam as irregularidades à época, mas não as denunciaram por temer represálias. As conclusões das auditorias da Petrobras foram reveladas pela “Folha de S.Paulo” em dezembro.
Licitações. A investigação sobre o Comperj apontou que a estatal realizou as licitações do complexo petroquímico antes de concluir os projetos básicos que permitiriam estimar os custos iniciais das obras. No caso de uma das unidades da refinaria, o projeto só ficou pronto um ano e meio após a abertura da concorrência que indicou as empresas responsáveis pelas obras.
Segundo a apuração, a estatal comprou equipamentos antes de definir o modelo de negócio e a estrutura de produção do Comperj, gerando prejuízo de mais de R$ 1 bilhão gasto para evitar a deterioração de aparelhos e unidades sem uso.
Funcionários da Petrobras apontaram “pressões” das diretorias comandadas por Renato Duque e Paulo Roberto Costa para acelerar aquisições e obras do complexo. Empreiteiras teriam sido favorecidas nas licitações e durante a execução dos projetos ao obterem reajustes indevidos nos contratos.
Suíça
Comissão. Procuradores da República que fazem parte da força-tarefa da operação Lava Jato foram nesta segunda para a Suíça em busca de documentos e extratos de contas de brasileiros envolvidos no escândalo de corrupção na Petrobras. Na delegação brasileira estão Deltan Dallagnol, de Curitiba, Eduardo Pelella, chefe de gabinete do procurador geral da República, Rodrigo Janot, e o procurador Orlando Martello.
Provas. Os procuradores estão à procura de provas contra os acusados nas dezenas de processos abertos na Justiça Federal do Paraná, incluindo ex-diretores da Petrobras e empreiteiros das maiores construtoras brasileiras.
Os procuradores já têm informações que há documentos que comprovam que o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa recebeu propinas da Odebrecht no valor de R$ 59 milhões. Dinheiro teria sido recebido em bancos na Suíça.