20/04/2018 – Investigados na Operação Hígia são indiciados por fraude em licitações e corrupção
G1 PR e RPC Foz do Iguaçu
Ação apura suposto esquema de favorecimento e desvio de dinheiro na compra de medicamentos e equipamentos hospitalares para a Prefeitura de Pato Branco.
Investigados na Operação Hígia, entre eles o vereador Marco Pozza (PSD), uma funcionária pública e dois empresários de Pato Branco, no sudoeste do Paraná, foram indiciados por crimes como fraude em licitações e corrupção passiva.
O inquérito, que está sob sigilo, foi encaminhado nesta quinta-feira (19) ao Ministério Público (MP-PR), que afirmou que vai apresentar denúncia à Justiça pedindo a condenação dos envolvidos.
Em setembro de 2017, nove pessoas foram presas durante a deflagração da operação da Polícia Civil. Secretários e ex-secretários municipais também são investigados. Na época, Pozza ficou preso temporariamente por dez dias.
De acordo com o delegado Niomar Manfrin, ficou comprovado que a dispensa de licitação para a compra de equipamentos médico-hospitalares para a prefeitura foi feita para favorecer um dos empresários interessados no contrato.
“A Polícia Civil entendeu que no decorrer desta dispensa de licitação houve um ajuste de preço para que um dos empresários saísse vencedor e fornecesse todo o material previsto nela”, destacou.
Depois desta dispensa, completou, as investigações indicaram que um vereador exigiu R$ 13,5 mil e uma servidora municipal, outros R$ 3 mil, como propina a ser descontada do valor do contrato de R$ 128 mil.
O inquérito aponta ainda que houve fraudes envolvendo outras secretarias além da de Saúde. Estes casos estão sendo apurados por meio dos outros inquéritos que devem ser concluídos em até 60 dias, estima o delegado.
Hígia
Durante a operação foram apreendidos R$ 160 mil e US$ 2,2 mil, 19 armas de fogo, entre elas um fuzil calibre 7,62, de uso restrito, 758 projéteis de calibres diversos, documentos e computadores.
O nome da operação é uma referência à mitologia grega: Hígia é a deusa da saúde, limpeza e sanidade.
Fraude documental
Outro inquérito concluído trata da suposta fraude de um laudo de acidente de trânsito provocado por um empresário da cidade e intermediada pelo vereador Marco Pozza.
A polícia diz ter encontrado provas de que o parlamentar, aliado a um policial licenciado de Santa Catarina e o motorista envolvido no acidente, pagaram R$ 15 mil em propina a policiais rodoviários estaduais que atenderam a ocorrência.
Na batida, na área rural de Bom Sucesso do Sul, um motociclista morreu. Segundo a polícia, supostamente alcoolizado, o condutor do veículo fugiu do local sem prestar socorro.
Também conforme a Polícia Civil, os policiais receberam o dinheiro para adulterar o boletim de ocorrência, inserir declarações falsas de uma testemunha e realizar o teste do bafômetro somente cerca de dez horas após o almoço, quando o motorista consumiu bebida alcoólica.
Outro lado
O advogado Arlei Vitório Rogenski, que defende o vereador Marco Pozza, disse que, como não teve acesso ao que foi concluído no inquérito, só vai comentar o caso depois de apresentada a denúncia pelo Ministério Público.