21/07/25020 – Polícia cumpre mandados em operação que investiga crimes de peculato e fraude em licitação em três cidades de PE
G1 PE
Deflagrada na manhã desta terça-feira (21), Operação Chorume apura participação de empresários e agentes públicos. Mandados foram cumpridos no Recife, em Paulista e Caruaru.
A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta terça-feira (21), uma operação para apurar a participação de empresários e agentes públicos na prática de crimes como peculato, fraude em licitações e associação criminosa. Um dos alvos é o prefeito de Paulista, Júnior Matuto (PSB), que foi afastado do cargo (veja vídeo acima).
A Operação Chorume investiga uma fraude em licitação envolvendo a empresa I9, pertencente ao grupo Locar, contratada para prestar serviços de limpeza urbana por meio de uma Parceria Público-Privada (PPP) em Paulista. Os mandados também foram cumpridos em endereços da empresa nas cidades do Recife e de Caruaru, no Agreste.
Além do prefeito Júnior Matuto, o casal dono da empresa e seis servidores municipais são investigados pela operação. As irregularidades na PPP foram constatadas por uma auditoria do Tribunal de Contas do Estado (TCE).
“Toda PPP prevê um investimento inicial por parte da empresa, mas nesse caso de Paulista, a empresa não fez o investimento previsto. Sem esse dinheiro, a parcela paga mensalmente pela prefeitura deveria ser menor. Pela auditoria, foi encontrada uma diferença mensal de R$ 400 mil”, explicou o auditor Edgard Pessoa de Melo, responsável pela Divisão Sul da Gerência de Auditoria de Obras Municipais.
A auditoria constatou que, mensalmente, a prefeitura pagava R$ 2 milhões à empresa, mas o valor que deveria ser pago era algo em torno de R$ 1,6 milhão. Entre os anos de 2013 e 2017, foram contabilizados R$ 21 milhões em pagamentos irregulares.
Além do pagamento irregular, a Polícia Civil também constatou que havia uma ligação entre o gestor do município e os responsáveis pela empresa.
“Os empresários disseram ter visto o gestor formalmente na assinatura do contrato, mas a gente verificou que o prefeito já foi funcionário da Locar. A I9 foi só um consórcio montado para a PPP”, explicou o delegado Diego Pinheiro.
Ao todo, foram cumpridos dez mandados de busca e apreensão, um mandado de suspensão de exercício de função pública, um mandado de suspensão temporária de participação em licitações e sequestro de valores.
Os mandados foram expedidos pelo Tribunal de Justiça de Pernambuco e foram cumpridos por 45 policiais civis, entre delegados, agentes e escrivães.
Procurada pelo G1, a prefeitura de Paulista informou que, para emitir um posicionamento, vai aguardar a Polícia Civil se pronunciar a respeito do que motivou a operação.
Outra operação
A empresa Locar havia sido investigada pela Polícia durante a Operação Chaminé, deflagrada em 2018 para investigar uma empresa de fachada do então presidente da Câmara dos Vereadores de Paulista. “Na época, encontramos documentos que indicavam que ele estava sendo beneficiado pelo prefeito”, disse o delegado.
Segundo a Polícia, dois servidores públicos lotados no gabinete do prefeito prestavam serviços particulares para o presidente da Câmara. “Eles eram motoristas de caminhões e os veículos eram alugados pela Locar para recolher o lixo na cidade de Paulista”, disse Pinheiro.
Afastamento do prefeito
O prefeito Júnior Matuto foi afastado do cargo após o cumprimento do mandado de suspensão de exercício de função pública expedido pelo Tribunal de Justiça. Além da Operação Chorume, ele é alvo também da Operação Locatário, que investiga ainda seis servidores públicos e o dono de uma empresa de locações. O esquema desviou cerca de R$ 900 mil, segundo a Polícia Civil.