22/06/2017 – Imagens indicam que ex-secretário de Saúde do Rio foi avisado de operação, segundo investigadores
RJTV
Arthur Guimarães
Filmagem feita por câmeras de segurança reforça indícios de que Sérgio Côrtes teria sido alertado momentos antes de sua prisão pela Polícia Federal, em abril, na Operação ‘Fatura Exposta’.
Imagens de câmeras de segurança reforçam indícios de que o ex-secretário de saúde do Rio Sérgio Côrtes teria sido alertado antes de sua prisão, no dia 11 de abril, na Operação “Fatura Exposta” da Polícia Federal. Vídeos do circuito interno de segurança obtidos pelo RJTV mostram Côrtes, sem roupas, em seu apartamento olhando para o telefone celular. Em seguida, ele aparece correndo para pegar uma mochila.
Segundo investigadores, Côrtes estaria tentando se desfazer de provas que pudessem incriminá-lo. A tentativa, no entanto, foi malsucedida. Agentes da Polícia Federal, do Ministério Público Federal e da Receita Federal apreenderam o conteúdo da mochila.
As imagens mostram também que Sérgio Côrtes recebeu seu advogado na noite anterior à prisão. A visita durou uma hora. O G1 tentava, às 17h, entrar em contato com a defesa do ex-secretário.
Sérgio Côrtes é suspeito de corrupção ativa e passiva, lavagem de dinheiro e organização criminosa. Ele faria parte de um esquema de cobrava propina para empresas fecharem contratos com o governo do estado e que fraudava licitações.
Operação
A operação “Fatura Exposta” foi mais um desdobramento da Lava Jato no Rio e cumpriu também três mandados de condução coercitiva – contra Sérgio Eduardo Vianna Junior, Marco Antônio Guimarães Duarte de Almeida e Rodrigo Abdon Guimarães – e mandados de busca e apreensão em diversas empresas suspeitas de ligação com o esquema.
Além de prender Sérgio Côrtes, a Polícia Federal apreendeu 110 joias, um piano, computadores e pendrives. Entre as joias, há 38 pares de brincos e 32 anéis. No apartamento do ex-secretário de Saúde do RJ, os investigadores ainda encontraram 16 relógios – entre eles dois da marca Rolex, um da joalheria H.Stern e outro da Montblanc.
Ainda foram levados pelos investigadores, 14 cordões e gargantilhas, além de dez pulseiras.
As prisões foram pedidas a partir da delação premiada de César Romero, ex-diretor do Instituto de Traumatologia e Ortopedia (Into) e ex-secretário executivo de Côrtes na Saúde. Ele foi o responsável por entregar todo o esquema. A delação foi homologada pelo juiz Marcelo Bretas, da 7ª Vara Federal Criminal.
A operação investiga fraudes em licitações para o fornecimento de próteses para o Into. Os investigadores afirmam que, entre 2006 e 2017, os desvios chegaram a R$ 300 milhões, segundo informações do RJTV.
De acordo com as investigações, quando era diretor do Into, Sérgio Côrtes teria favorecido a empresa Oscar Iskin, da qual Miguel Iskin é sócio, nas licitações do órgão. Gustavo Estellita é sócio de Miguel em outras empresas e já foi gerente comercial da Oscar Iskin. A empresa é uma das maiores fornecedoras de próteses do Rio.
A operação também apura desvios na Secretaria de Estado de Saúde, com o pagamento de propina para a organização criminosa comandada pelo ex-governador Sérgio Cabral. O esquema também envolveria pregões internacionais, com cobrança de propina de 10% nos contratos, nacionais e internacionais.
Desse percentual, segundo a investigação, 5% caberia a Cabral, 2% a Sérgio Côrtes, 1% para o delator César Romero, 1% para o Tribunal de Contas do Estado (TCE-RJ) e 1% para sustentar o esquema. Ainda segundo a investigação, Iskin pagava uma mesada de R$ 450 mil para a organização criminosa do ex-governador.
Além do superfaturamento nos contratos, que possibilitava o pagamento de propina de 10%, os acusados também desviavam recursos e mandavam o dinheiro para o exterior.