23/04/2015 – Prefeituras de Itaguaí e Mangaratiba podem estar unidas em fraude, diz PF
G1
Investigadores suspeitam que grupo atuou em corrupção nas duas cidades.
Prefeitos de ambos os municípios foram afastados dos cargos.
A Polícia Federal e o Ministério Público estão investigando mais um capítulo das denúncias de corrupção em Itaguaí e Mangaratiba. Agora, a suspeita é que havia uma ligação entre quadrilhas que agiriam nas duas cidades, como mostrou o RJTV nesta quarta-feira (22). Os agentes querem saber se o grupo que fraudava licitações em Itaguaí tinha relação com o grupo denunciado à Justiça em Mangaratiba.
As suspeitas surgiram depois que os nomes de duas mulheres cruzaram o caminho dos investigadores. Bruna de Souza trabalhou na Comissão Permanente de Licitação de Itaguaí e de Mangaratiba. Priscila Martins Leão, também.
Este mês, os prefeitos dessas duas cidades foram afastados dos cargos. Em Itaguaí, Luciano Mota, do PSDB, é suspeito de desviar verbas dos royalties do petróleo e do Sistema Único de Saúde. Em Mangaratiba, Evandro Capixaba, do PSD, foi preso por fraudes em licitações e formação de quadrilha.
Na cidade, 44 pessoas foram denunciadas, entre elas o prefeito, Bruna e Priscila. O Ministério Público informou que as duas “participaram de forma consciente e voluntária, de licitações fraudulentas”. As conhecidas licitações de carta marcada, “porque não havia qualquer competitividade entre as empresas que supostamente concorriam”.
Para os promotores, Bruna e Priscila deixaram de publicar aviso de licitação no diário oficial do estado, em jornal de grande circulação e em meio eletrônico para restringir a publicidade e eliminar a concorrência. também receberam propostas de empresas que sabiam ser falsas.
Entre as fraudes, estão reformas de prédios públicos, aluguel de veículos, compra de merenda escolar, de material de limpeza e de um milhão e oitocentos mil sacos de lixo, que nunca foram entregues.
Documentos obtidos com exclusividade pelo RJTV mostram que o mesmo esquema pode ter sido usado em Itaguaí. A PF investiga vários contratos. Entre eles, dois que somam quase R$ 8 milhões. Um para a prestação de exames e cirurgias oftalmológicas. A empresa contratada, CECOF, ficaria numa saleta e não teria estrutura adequada para o serviço.
O outro contrato é com a Arkitec Brasil para a reforma de postos de saúde. Obras que nunca teriam sido feitas.
À frente da Comissão de Licitação do município de Itaguaí estavam Bruna de Souza e Priscila Martins Leão. Em depoimento, as duas disseram que procuraram, por vontade própria, a prefeitura de Itaguaí porque já tinham exercido o mesmo cargo em Mangaratiba. Elas negaram irregularidades nas licitações.
Bruna de Souza e Priscila Martins foram exoneradas da prefeitura de Itaguaí. Bruna não foi encontrada pela reportagem. Priscila atendeu o telefonema mas, muito nervosa, não quis falar. O marido dela disse que a esposa foi usada nesse esquema fraudulento e que recebeu ameaças de funcionários da prefeitura de Itaguaí. As empresas Cecof e Arkitec Brasill não foram localizadas pelo RJTV.