24/04/2021 – Corrupção e fraudes entre agentes públicos e empresários desviou milhões no Amapá, detalha MP
G1 AP — Macapá
Victor Vidigal
Ministério Público explicou que grupos se apropriavam de dinheiro público através de fraudes em licitações e outros crimes, em 6 municípios. Prática motivou a operação “Octopus”, nesta sexta-feira (23).
Por meio de acordos, empresários e agentes públicos realizavam uma série de corrupções, como fraude em licitações e desvio de recursos públicos. Segundo o Ministério Público do Amapá (MP-AP), era assim que agia a organização criminosa investigada na operação “Octopus”, deflagrada nesta sexta-feira (23) em Macapá e outros 5 municípios.
Dos 12 mandados de prisão preventiva expedidos, foram cumpridos seis. Uma das foragidas, segundo a promotora de Justiça Andréa Guedes, é a primeira-dama do município de Ferreira Gomes, Irrane Almeida.
“A primeira-dama do município de Ferreira Gomes está foragida. Isso quer dizer o quê? Atualmente, se você não tem nenhuma culpabilidade você não foge do seu distrito, onde você reside”, declarou.
O G1 tentou contato com o prefeito de Ferreira Gomes, Divino Rocha (PP), para falar sobre o assunto, mas não obteve resposta até última atualização desta reportagem.
De acordo com os promotores de Justiça do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), responsável pela apuração, o grupo desviou milhões de reais nas prefeituras de Ferreira Gomes, Cutias, Santana, Itaubal e Tartarugalzinho. O valor preciso não foi informado pelo MP.
Entre os alvos, estão secretários municipais e empresários do setor da construção civil. Os nomes de todos os investigados não foram divulgados, pois a operação corre em segredo de Justiça.
Ainda de acordo com a equipe do Gaeco, o epicentro do esquema era Ferreira Gomes. O promotor de Justiça do município, Rodrigo Assis, revelou um dos indícios de corrupção encontrados na investigação: uma licitação de R$ 500 mil para construção de futebol quadra society em meio à pandemia.
“A gente percebeu que o carro chefe era a obra. Porque obra tem um valor muito grande e é muito fácil de superfaturar. Tinha quadra society de R$ 500 mil sendo licitada numa comunidade que não tem cinco mil pessoas. É absurdo”, detalhou.
Durante a operação desta sexta, também foram cumpridos 50 mandados de busca e apreensão. Foi apreendido pelo menos R$ 39 mil em dinheiro, notas fiscais, computadores, celulares, notebooks, processos licitatórios e uma motocicleta.
O G1 levantou que as buscas ocorreram em residências, empresas e órgãos públicos. De acordo com Assis, a equipe ainda não contabilizou todo o material apreendido. Novas fases da “Octopus” devem ocorrer para cumprimento dos mandados de prisão preventiva restantes.
“Nós vamos fazer análise das mídias, análise dos documentos, para saber quais outros ilícitos essas pessoas se envolveram. Eventualmente, quais outras licitações foram fraudadas e a partir daí ou fazer novas operações ou começar propor as ações penais na Justiça”, disse.