24/11/2015 – Em meio à crise, cidades catarinenses investem e apostam todas as fichas no Réveillon
DIÁRIO CATARINENSE
Considerado o último Estado a ser afetado pela crise econômica que assola o Brasil, Santa Catarina viverá em 2015/2016 o primeiro verão com o país mergulhado profundamente nos problemas financeiros. Para quem depende do turismo e aposta na desvalorização do real para aquecer o mercado interno, a melhor porta de entrada é o período de Réveillon.
Na contramão de Florianópolis, que diminuiu verbas pública para a festa da virada e suspendeu os até então tradicionais shows de artistas de projeção nacional, outros badalados destinos turísticos catarinense no Ano-Novo mantêm o investimento para a tradicional festa de olho nos frutos da temporada.
Acostumada a disputar o título de maior e melhor Réveillon do Estado com Florianópolis, Balneário Camboriú sai na frente neste ano e já previu uma verba de até R$ 2 milhões na licitação para a queima de fogos – a mesma quantia aplicada no espetáculo pirotécnico de 2014.
No fim, a proposta vencedora foi de R$ 1,64 milhão e contempla a mesma estrutura do ano passado, com homologação da empresa nesta semana. Os R$ 360 mil restantes devem ser aplicados em mais ações para a programação natalina.
Conforme o secretário de Turismo de Balneário, Ademar Schneider, o espetáculo em 31 de dezembro terá os mesmos moldes de 2014, com 10 balsas em alto-mar e 15 minutos de queima de fogos. Há intenção ainda de ter algum diferencial, dentro desse mesmo orçamento.
Investimento para o carnaval ainda é incerto
— No Carnaval estamos revendo o investimento, mas no Réveillon foi mantido porque é o que gera a grande expectativa do turista. Esperamos uma das melhores temporadas dos últimos 10 anos, por causa da divulgação no Mercosul e do dólar em alta, e é isso que mantém todo o desenvolvimento econômico da cidade — explica Schneider, que prefere não estimar um público para a virada nem projetar, por enquanto, a movimentação nos meses de veraneio.
Em Blumenau, que tem consolidado a festa nas últimas viradas de ano, o investimento no Réveillon está garantido em razão do sucesso de outro evento: a Oktoberfest. A Secretaria de Turismo finaliza agora o cronograma para o Ano-Novo e confirma que a verba não terá alterações em relação a 2014, ficando em torno de R$ 500 mil.
— A Oktober deu resultado e o Raéveillon é uma festa comunitária, com caraterísticas regionais. Nesse momento é importante proporcionar essa confraternização para a cidade, até por conta das chuvas que atingiram a região nos últimos meses — diz o secretário de Turismo Ricardo Stodieck.
Otimismo e a mesma verba no Norte e no Sul
Principal destino para o Réveillon na região Norte de Santa Catarina, São Francisco do Sul não reduzirá a verba da festa virada, de aproximadamente R$ 400 mil.
A crise vai impactar no orçamento de 2016, mas neste ano a estrutura física da programação, com palcos no Centro Histórico e na Praia da Enseada, será mantida, provavelmente com atrações todas regionais, e 10 minutos de queima de fogos.
— Esperamos atrair cerca de 150 mil pessoas entre o Natal e o Réveillon. Sem dúvida, é o período em que a cidade recebe o maior número de visitantes e temos que aproveitar isso — comenta o secretário de Turismo de São Francisco do Sul, Guilherme Neves Pereira.
O cenário também é otimista em Laguna, no Sul do Estado. O orçamento e o planejamento do Ano-Novo estão sendo concluídos nesta semana, mas a Secretaria de Turismo já garante que o investimento será no mínimo igual ao de 2014.
O objetivo é até aumentar essa verba e a programação da festa, tendo, além da vinda de turistas do Mercosul, a recém-inaugurada Ponte Anita Garibaldi como grande aposta para impulsionar a região.
— Calculamos um aumento de 30% no movimento por causa da ponte e desse turismo dos países vizinhos, principalmente da Argentina, que deve chegar com a desvalorização do real — destaca o secretário Hênio Marcelino Cardoso.
Com ou sem cortes, Santur projeta sucesso na virada
Mais do que um evento, um conceito. Essa é a análise da Santa Catarina Turismo (Santur) diante da manutenção ou do corte de investimentos para as festas de Réveillon. Para o presidente Valdir Walendowsky, seja qual for a decisão das administrações municipais, o espetáculo não perde o brilho e nem o poder de atrair turistas do país e do Mercosul.
— A eventual redução de verbas pública em alguma cidade não significa falta de qualidade. Seguirá havendo uma programação intensa, ações que vão além dos fogos. Florianópolis, Balneário Camboriú e Santa Catarina como um todo já são um conceito. Não há perda de qualidade ou diminuição de público — opina.
Walendowsky ressalta ainda a peculiaridade de SC ter dois Réveillons nacionalmente famosos, em Florianópolis e Balneário, diferente do que ocorre no Rio ou em outros locais com viradas grandiosas, mas concentradas em um ponto. Para ele, esse é mais um fator que amplia a força do turismo catarinense, promovendo o Ano-Novo e a temporada de verão em todo o corredor litorâneo.