28/08/2022 – Campinas vai propor extensão de carga horária para médicos da rede pública ao implementar telemedicina, diz Saúde
g1 Campinas e Região
Patrícia Teixeira
Holomogação da licitação ocorreu esta semana após dez meses da publicação do edital. Secretário de Saúde, Lair Zambon explicou funcionamento da plataforma ao g1; implantação é esperada dentro de 4 meses.
Homologada esta semana e com previsão de quatro meses para início da implementação em Campinas (SP), a licitação da telemedicina prevê 70 mil consultas por mês e mais demanda para os médicos. Em entrevista ao g1, o secretário de Saúde, Lair Zambon, afirmou que vai propor a extensão da carga horária aos profissionais para viabilizar o serviço.
A estratégia mira que pacientes das unidades sigam sendo acompanhados pelos médicos que já atuam nos centros de saúde, por exemplo.
“Vamos oferecer para os próprios profissionais desses Centros que façam a interface com a comunidade. É muito mais fácil fazer esse tipo de abordagem quando o profissional já conhece o paciente, como a relação do médico da rede privada”, explicou o secretário.
Zambon disse que a Pasta está resolvendo a questão de valores da oferta para os médicos, e que o chamamento vai ocorrer em breve. “Estamos em conversa com a gestão de pessoas como se dará esse modelo de prestação de serviço pelos próprios funcionários”.
Por enquanto, novas contratações não estão previstas, mas Zambon já estuda a possibilidade de parcerias com a rede privada, caso o número de adesões à extensão da carga horária seja insuficiente. Ele ressaltou que a preferência é pelos médicos da rede.
“Temos modelos de 24 horas e 36 horas, e eles [médicos] darão o tom se vão querer fazer extensão ou não. Daremos preferência a esses profissionais. Imagino que tem muita gente interessada, porque poderá fazer da sua residência o atendimento; a agenda será feita pela rede de saúde”, completou Zambon.
Licitada vai desenvolver plataforma
A telemedicina será viabilizada por um sistema que vai ser instalado e mantido pela empresa vencedora da licitação. O contrato ainda precisa ser assinado – deve ocorrer nos próximos dias – para a prefeitura emitir a ordem de serviço. A partir desta etapa, começa a valer o prazo de três meses para o início da implantação.
A plataforma terá que ser disponibilizada em aplicativo de celular e também com acesso por computadores, e vai permitir desde agendamento e resultados de exames até a realização de consultas online. O histórico do paciente também será acessável tanto pela rede de saúde quanto pelo morador.
O sistema vai ser aplicado a todos os centros de saúde e também policlínicas, hospitais, laboratórios e na Vigilância, segundo o edital – leia mais detalhes do edital abaixo.
“A telemedicina não veio para substituir os médicos da rede. É uma ferramenta que veio para, na verdade, melhorar o acesso à saúde da população, para ter acesso mais rápido, mais otimizado, a médicos, a consultas”.
É muito longe do ideal hj no formatu atual anefermeira atende, fica em dúvida, marca uma consulta e às vezes era caso de urgência. Encurtará muito os passos. Não tenho dúvida do pnto de vista de evolução. É infintamente melhor do que o modelo que temos hoje.
A teletriagem, que funcionou como um projeto piloto e vai seguir na rede básica, integra o projeto de Telesaúde da prefeitura e já existe em 12 unidades da cidade, segundo o secretário. Esse sistema vai, a partir da implementação da empresa, migrar para a mesma plataforma das consultas e dos demais serviços.
“Foi muito importante ter feito o projeto piloto, porque já começamos a superar as dificuldades e facilitará a implementação da telemedicina”, disse.
Fique por dentro do edital
Empresa vai cuidar de implantação, suporte, manutenção e demais serviços.
Vai atender a toda a rede pública de saúde de Campinas, englobando as unidades de atenção básica, atenção especializada e hospitalar próprias e conveniadas, laboratorial e Vigilância.
Atividades laboratoriais se tratam de solicitações de exame, enquanto as ações previstas para a Vigilância se tratam de notificações compulsórias de acordo com a doença.
O sistema deverá possibilitar uma plataforma que integre e disponibilize um canal de atendimento direto de comunicação entre a população e os profissionais médicos e outras equipes da atenção à saúde do município.
Deverá possibilitar também a realização da classificação de risco para os suspeitos de Covid-19 e as consequentes abordagens protocoladas na rede de atenção à saúde, via central de atendimento, com a criação de prontuário eletrônico baseado em protocolos clínicos e integrado com as soluções existentes e em funcionamento no município.
Previsão de disponibilidade da plataforma para a realização de 70 mil teleconsultas por mês.
Disponibilização de aplicativo e plataforma na internet responsiva voltada ao cidadão para que ele mesmo, em seu telefone celular ou computador, possa ter acesso aos serviços de consultas e exames, e receber notificações e alertas.
Para ler o edital completo, pequise o pregão 265/2021 no site de licitações da Prefeitura de Campinas.
Solução para pacientes crônicos
Lais Zambon acredita que os pacientes crônicos estão entre os que mais serão beneficiados pelo serviço das consultas online.
“O acesso a resultados de exames em Campinas já e por aplicativo, e provavelmente esses crônicos, como diabetes, que têm o resultado na mão, ter que conversar com o médico, aumentar medicação, seria uma consulta simples e o paciente não precisa fazer esse deslocamento.”
Além disso, tende a reduzir o número de exames, já que a plataforma será acessada em unidades de saúde e hospitais.
Assim como na teletriagem, onde o clínico geral fica em uma sala virtual para ser acionado durante o atendimento da enfermagem ao paciente, os médicos ficarão em salas virtuais no horário da teleconsulta.
Durante a consulta online, o médico poderá acionar um especialista, o que o secretário denominou como interconsulta.
“Essa triangulação entre paciente, médico e especialista, é a nossa organização melhor. Num momento só, resolveríamos uma grande quantidade de problemas”.
Atualmente, as salas virtuais estão localizadas no Hospital Municipal Dr. Mário Gatti.
“Um paciente está com uma dor torácica que pode ser varias coisas. Vai até o Centro de Saúde, a enfermagem conversa, se achar por bem, entra na sala virtual com o médico. O médico conversa, se achar que é compatível com quadro isquêmico, vai encaminhar para urgência e emergência. É uma ferramenta que otimiza muito o tempo de atendimento”.
Zambon reconhece que o formato atual – sem a teletriagem – deixa o acesso do paciente ao diagnóstico mais distante. Se a enfermeira atende e tem dúvida, pode acabar marcando uma consulta para um caso de urgência ou emergência, segundo ele.
“[Atualmente], é muito longe do ideal. Hoje, a enfermeira atende, fica em dúvida, marca uma consulta e, às vezes, era caso de urgência. [Agora] encurtará muito os passos. Não tenho dúvida do ponto de vista de evolução. É infinitamente melhor do que o modelo que temos hoje”.
O secretário disse que será criada ainda este ano, por meio de Projeto de Lei do Executivo, uma Diretoria de Regulação para a rede pública de saúde de Campinas. Além de transferências de pacientes, serão definidos procedimentos, marcações de cirurgias, exames de ressonância, por exemplo. “Será responsável pela fila de cirugias eletivas”.