28/08/2013 – OGX desiste de blocos arrematados em leilão
O Estado de S. Paulo
A petrolífera OGX anunciou ontem ter desistido de explorar 9 dos 13 blocos arrematados na 11a rodada de licitações da Agência Nacional de Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), realizada em maio. A empresa de Eike Batista venceu a disputa pelos nove blocos com um lance total de R$ 280 milhões pelos bônus de assinatura.
Com a decisão, as empresas classificadas em segundo lugar em cada lote – Petra Energia, Ouro Preto, BP e Maersk – poderão assumir as concessões dos blocos exploratórios, mas com a condição de manter o preço de arremate proposto pela OGX. Em alguns casos, o lance de Eike Batista foi mais de 20 vezes superior ao do segundo lugar, como no bloco 251 da Bacia de Barreirinhas, arrematado por R$ 40 milhões, enquanto a Ouro Preto ofertou R$ 1,6 milhão.
O passo atrás dado ontem pela OGX foi mais uma frustração de expectativas para a petroleira, que nos últimos 12 meses acumula desvalorização de quase 90% em suas ações. A agressividade de Eike no leilão, que surpreendeu concorrentes e analistas do mercado financeiro, acabou se revelando apenas mais um erro de estratégia.
Nos casos em que não houver interesse das empresas em assumir as áreas, a ANP retomará o bloco e vai executar as garantias de oferta definidas pela OGX na rodada. De acordo com o edital, todas as empresas que se candidataram às áreas devolvidas serão consultadas. A ordem de classificação no leilão será utilizada como critério de preferência na aquisição.
O prazo para entrega dos documentos e assinatura do contrato é de 30 dias a partir da convocação da ANP, ainda sem data prevista.
Dificuldades. A agência, entretanto, deve enfrentar dificuldades para encontrar empresas interessadas a bancar os valores propostos por Eike, uma vez que as demais concorrentes estavam dispostas a assumir uma exposição financeira muito menor pelas áreas.
Pela desistência, a OGX deverá arcar com o pagamento de uma penalidade no valor estimado de R$ 3,42 milhões.
No comunicado divulgado aos investidores, a OGX alegou que a decisão de renunciar à exploração dos blocos leva em conta seu novo plano de negócios. “A diretoria executiva concluiu não ser recomendável, no momento atual, assumir risco exploratório de novas áreas”, justificou a companhia.
A reestruturação dos negócios aconteceu após a empresa anunciar a suspensão do desenvolvimento dos campos Tubarão Tigre, Tubarão Gato e Tubarão Areia por falta de tecnologia que garantisse a viabilidade econômica da exploração. Também frustrou os investidores ao assumir que sua principal aposta de produção, o campo de Tubarão Azul, vai parar de produzir no ano que vem, dois anos após a extração do primeiro óleo.
A empresa manterá os contratos dos blocos arrematados em consórcio com as empresas Exxon Mobil, Total E&P e Queiroz Galvão Exploração e Produção (QGEP). Segundo o comunicado, as sócias ajudam a “mitigar o risco exploratório.”
Penalidade
R$ 3,42 mi
deverá ser a multa aplicada pela agência reguladora à petrolífera de Eike Batista pela desistência dos direitos de exploração de petróleo e gás