03/06/2011 – Governo usará TCU para ampliar Cumbica

Folha de S. Paulo
Sheila D’Amorim

Aval do Tribunal de Contas da União servirá para aprovar “contrato emergencial” de novo terminal em Guarulhos

Argumento técnico é que aeroporto ficará inviável com aumento do movimento esperado até o final deste ano

O governo quer o aval do TCU (Tribunal de Contas da União) para acelerar a construção de um novo terminal de passageiros no aeroporto de Cumbica, em Guarulhos, até dezembro.

A proposta que deverá ser aprovada pela cúpula da Infraero até a semana que vem e, em seguida, discutida com o tribunal, dispensa a licitação convencional e faz uso do instrumento do “contrato emergencial” previsto na legislação para aumentar em 5,5 milhões de pessoas a capacidade do aeroporto mais movimentado do país.

O argumento técnico é que, se nada for feito, o aeroporto -que já recebe atualmente 3 milhões de pessoas além da sua capacidade- ficará “inviável” com o crescimento do movimento esperado até o fim do ano.

A estimativa do governo é que esse deficit suba para 4,5 milhões de passageiros antes do Natal. Isso mesmo com a entrega de um “puxadinho”, prevista para julho e que ampliará em 1 milhão de pessoas a capacidade.

O projeto prevê utilizar o galpão que pertencia à Vasp para construir um terminal independente com estrutura de check-in, estacionamento e capacidade para 5,5 milhões de passageiros.

Segundo levantamento feito pelo governo, seria possível usar também o galpão que era da Transbrasil e elevar a capacidade para 8 milhões. O problema é que, nesse caso, as obras não seriam entregues até o fim do ano e ultrapassariam o prazo de seis meses determinado na legislação para justificar a ausência de licitação.

Pelos cálculos do governo, a obra completa levaria de oito meses a um ano para ser concluída. Com isso, a proposta é fazer o novo “puxadinho” no galpão da Vasp de forma emergencial e abrir uma licitação para a outra parte, que comportará mais 2,5 milhões de passageiros.

Para tentar obter o apoio do TCU, os técnicos usarão também o argumento de que essa será a única obra que dispensará licitação. Os demais aeroportos seguirão todas as etapas do processo licitatório.

Nos cálculos do governo, o crescimento da demanda em Guarulhos será de cerca de 10% anuais até 2014, ano da Copa no Brasil. Pela proposta original, a Infraero já está com o cronograma atrasado.

Para ter o terminal pronto até 30 de novembro, esperava-se que o contrato com a empresa que irá tocar a obra estivesse assinado até o início desta semana.

No entanto, a estatal nem sequer aprovou o projeto que permitirá o início do processo. Em seguida, discutirá com o TCU e enviará cartas-convite para as empresas que disputarão o serviço.

A obra será feita antes da privatização do aeroporto. A presidente Dilma Rousseff anunciou nesta semana, em reunião com governadores e prefeitos, que até dezembro sairá o edital de licitação que deixará sob o controle de empresas privadas os aeroportos de Guarulhos e de Viracopos (SP) e de Brasília (DF).

A participação da Infraero será limitada a até 49% nessas unidades, consideradas estratégicas. O setor privado será responsável pela gestão e pelas obras de ampliação.

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