28/07/2019 – Suspeitos de fraudar contrato de coleta de lixo em prefeitura do PI são soltos dois dias após prisão
G1 – PI
Andrê Nascimento
Três pessoas foram presas durante a Operação Lixo de Ouro, suspeitos de fraudar em um contrato de coleta de lixo e de R$ 1 milhão. O G1 tentou, mas não conseguiu contato com a Prefeitura da cidade de Guadalupe nem com a empresa apontada como suspeita.
A Justiça pôs em liberdade as três pessoas presas pela Polícia Civil durante a Operação Lixo de Ouro, suspeitos de operar um esquema criminoso que teria fraudado um contrato de cerca de R$ 1 milhão para prestação de serviços de coleta de lixo. O contrato teria sido firmado entre a empresa de um dos presos e a Prefeitura de Guadalupe, a 337 km de Teresina.
As prisões aconteceram na última quinta-feira (25), e a soltura no sábado (27). Os três suspeitos, um secretário municipal, sua esposa e um empresário do ramo da construção civil estavam presos na carceragem da Delegacia de Guadalupe.
Na decisão judicial o desembargador Pedro Alcântara, que assina o documento, afirma que entende que a prisão dos investigados é desproporcional pois os três são réus primários.
Para o delegado Thiago Silva, da delegacia de Guadalupe, a soltura dos investigados pode prejudicar as investigações, que ainda estão em andamento. “Nosso posicionamento é de que a soltura dos investigados funcionou como um balde de água fria”, comentou o delegado.
Ainda segundo o delegado Thiago Silva, os investigados tiveram ativos bloqueados pela Justiça, mas que o dinheiro que teria sido desviado pelo esquema criminoso não foi localizado. “Agora, eles vão ter oportunidade de ocultar esse dinheiro”, disse.
A investigação continua. O delegado afirmou que o inquérito deve ser finalizado em breve, e encaminhado para o Ministério Público.
O G1 tentou, mas não conseguiu contato com a Prefeitura da cidade de Guadalupe nem com a empresa apontada como suspeita.
Operação Lixo de Ouro
Um secretário municipal, sua esposa e um empresário do ramo da construção civil foram presos suspeitos de fraude em licitação, corrupção passiva e ativa, falsidade ideológica, lavagem de dinheiro e associação criminosa. Os três, de acordo com o delegado Thiago Silva, formaram um esquema para desviar dinheiro público por meio de fraude na prestação de serviço de coleta de lixo da cidade.
“A suspeita veio quando foi firmado um contrato de cerca de R$ 1 milhão para apenas sete meses de serviço, em uma cidade com mais ou menos 10 mil habitantes. São mais de R$ 100 mil por mês apenas com coleta de lixo. Além disso, na investigação constatamos que o serviço era prestado pela própria prefeitura e não pela empresa contratada”, informou o delegado.
Segundo Thiago Silva, o veículo de coleta – um caminhão -, era da própria prefeitura, e não da empresa, que deveria fornecer o veículo. Para conseguir estabelecer a fraude, um secretário é suspeito de participar diretamente do esquema, garantindo que a empresa envolvida ganhasse a licitação, mediante pagamento de propina a ele.
“Em contrapartida, ele recebeu diversos pagamentos em sua própria conta bancária. Foram vários depósitos, mais de um por mês, com valores entre R$ 5 mil e R$ 30 mil”, explicou.