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Robson Bonin
Em mais uma investida contra os cofres públicos, militantes do PCdoB agora são investigados também por desvios no programa Minha Casa, Minha Vida.
Por definição, o comunista é inimigo do capital, da propriedade privada, da exploração do trabalho e do acúmulo de riqueza. Quando chega ao poder, porém, essas sólidas certezas se derretem no ar. É o que ocorre agora em Brasília. Na semana passada, a Polícia Federal abriu um inquérito para investigar um grupo de ex-servidores do Ministério das Cidades que fraudou licitações e desviou recursos do Programa Minha Casa, Minha Vida. O esquema, chefiado por um militante comunista, pode ter irrigado os cofres do PCdoB e os bolsos de camaradas com o dinheiro desviado das casas populares. Ao melhor estilo capitalista. os militantes fundaram um conjunto de empresas de papel para lucrar sem fazer nenhum esforço. A partir de informações privilegiadas, eles fraudavam licitações e ganhavam contratos com as prefeituras. Depois, cobravam propina para repassá-los a pequenas empreiteiras, que eram subcontratadas para construir as casas populares. Um negócio bem tramado que não continuou operando porque houve um desentendimento na hora de socializar a mais-valia dos golpes.
Insatisfeito com a pane que havia recebido – cerca de 1 milhão de reais – um dos camaradas-sócios, segundo reportagem publicada pelo jornal, O Globo resolveu entrar na Justiça para requerer uma fatia maior dos lucros. A partir daí, a disputa pelo faturamento milionário – coisa de uns 12 milhões de reais – acabou expondo evidências das fraudes, que ocorriam desde 2005.
O dinheiro, segundo o depoimento de Fernando Borges, ex-funcionário do Ministério das Cidades, sairia do antigo Programa de Subsídio Habitacional (PSH), incorporado mais tarde pelo Minha Casa, Minha Vida e acabaria nos cofres do PCdoB e de seus militantes. A ex-ministra da Casa Civil Erenice Guerra é citada como do esquema. A petista teria aberto as portas de bancos privados para o financiamento dos negócios do grupo. Como recompensa ficaria com 200 reais de cada casa construída.
Além do inquérito policial, o ministro das Cidades, Aguinaldo Ribeiro, abriu uma sindicância para apurar as irregularidades. Procurada, a ex-ministra Erenice Guerra preferiu o silêncio. O envolvimento de comunistas em negócios escusos não é novidade. Em 2011, membros do partido já haviam sido apanhados desviando recursos no Ministério do Esporte. Criado para amparar crianças carentes, o Programa Segundo Tempo alimentava ainda o caixa de campanha de políticos do PCdoB. O site do partido informa que os camaradas, agora no poder, lutam pela construção de um certo “socialismo moderno” e que vivem hoje “uma das suas fases mais ricas”. Faz sentido.