01/04/2018 – Empresa de ex-assessor do DER-SP fez ‘estudo técnico’ sobre rodovias do Paraná, diz concessionária
Estadão
Julia Affonso
Em 2009 e 2010, o então engenheiro do órgão paulista Júlio Cesar Astolphi recebeu R$ 3,2 milhões por serviços relacionados a rodovias paranaenses
As concessionárias Ecovia e Ecocataras, que pagaram R$ 3,224 milhões, em 2009 e 2010, à empresa do então assessor do Departamento de Estradas de Rodagem de São Paulo (DER-SP), Júlio Cesar Astolphi, afirmam que o engenheiro fez estudos técnicos sobre duas rodovias no Estado do Paraná. Planilhas em poder da Operação Lava Jato registram os pagamentos.
A Ecovia Caminho do Mar S/A, que administra 175,1 quilômetros de estradas entre Curitiba e o litoral do Paraná, pagou R$ 1,009 milhão, em 2009, à Astenge Assessoria Técnica e Engenharia LTDA, controlada por Astolphi e sua mulher. No ano seguinte, a Ecocataratas, responsável por 387,1 quilômetros da rodovia BR-277, transferiu R$ 2,215 milhões à empresa do engenheiro, que tem sede no endereço residencial do casal.
Em nota, a Ecovia informou que a Astenge ‘foi contratada para realização de estudos técnicos de engenharia, melhoria e otimização da infraestrutura existente na BR-277, no Paraná, com o objetivo de identificar oportunidades de integração entre a rodovia BR-277 e os portos de Paranaguá e Pontal (integração entre os modais rodoviário e portuário)’.
Já a Ecocataratas afirmou que ‘a empresa foi contratada para elaborar estudo técnico sobre enquadramento territorial e socioambiental para projeto de duplicação da BR-277’.
No período em que recebeu pelos serviços prestados às concessionárias de rodovias, Astolphi era assessor de Projetos da Diretoria de Engenharia do DER-SP. De acordo com o órgão, a atribuição do engenheiro era ‘conferência e adequações de projetos e acompanhamento de cronograma e prazos’.
COM A PALAVRA, A ECOVIA
“A empresa (Astenge) foi contratada para realização de estudos técnicos de engenharia, melhoria e otimização da infraestrutura existente na BR-277, no Paraná, com o objetivo de identificar oportunidades de integração entre a rodovia BR-277 e os portos de Paranaguá e Pontal (integração entre os modais rodoviário e portuário). A Ecovia não teve e não tem contratos com o DER-SP. A empresa é responsável por administrar a BR-277 no Paraná e não participa de licitação de obras públicas. A Astenge Engenharia foi contratada para realizar estudos técnicos especializados para projeto no Estado do Paraná.”
COM A PALAVRA, A ECOCATARATAS
“A empresa foi contratada para elaborar estudo técnico sobre enquadramento territorial e socioambiental para projeto de duplicação da BR-277. O grupo EcoRodovias não faz obras públicas, portanto não tem contrato de obras públicas com o DER-SP.”