Falta de energia
Faltavam poucos dias para a entrega das propostas para a licitação de uma concessão de Rodoviária numa importante cidade do Nordeste. Como é usual nesses casos, a empresa que tinha gerenciado o processo para ser vencedora da concorrência estava finalizando os acordos com os demais possíveis interessados que teriam condições de atrapalhá-la.
Alguns receberam dinheiro para deixar de participar, para outros houve o compromisso de dar cobertura numa licitação que estivessem administrando, com dois outros a única composição possível foi a inclusão deles como consorciados.
De todos os concorrentes possíveis apenas um ainda não estava devidamente acertado, para que a empresa pudesse ser vencedora com a proposta de lance mínimo, o que garantia um excelente resultado para aquele empreendimento.
Esgotadas todas as tentativas de fazer um acordo com a outra empresa, passou-se, então, a buscar outras estratégias para vencer aquela licitação.
A entrega dos envelopes estava marcada para as nove horas de uma segunda feira e, como sempre acontece, as concorrentes passariam aquele fim de semana finalizando as suas propostas.
A empresa que não havia aderido ao esquema ficava instalada num edifício de escritório cuja alimentação de energia era feita através de uma estação transformadora própria, a qual recebia alta tensão da concessionária e transformava em baixa para distribuição entre os condôminos.
Na madrugada de sábado para domingo (véspera da licitação) houve um acidente nessa estação transformadora, uma barra de ferro, que ninguém sabe de onde veio, provocou um curto e a queima do transformador que garantia a energia para os escritórios.
No domingo, logo pela manhã, quando os funcionários chegaram para tomar as últimas providências que finalizariam a proposta encontraram o edifício sem força e ficaram sabendo que já havia sido chamada o plantão da assistência técnica para resolver o problema.
O problema só foi efetivamente resolvido na quarta-feira, mas desde segunda-feira à tarde o edifício já estava recebendo energia em condição precária.
Com a impossibilidade de terminar seus envelopes a empresa prejudicada procurou aquela que estava gerenciando todo o processo para ser vencedora, propondo um acordo de última hora, mas não conseguiu nada.
Apesar de incompletos os envelopes de habilitação e proposta da licitante prejudicada foram entregues, assim como uma solicitação para adiar o certame, justificando o pedido com o acidente que a impossibilitou de terminar sua oferta. O pedido foi indeferido e ela inabilitada no certame.
A empresa inabilitada ainda tentou o adiamento da data para entrega dos envelopes junto ao Judiciário, mas o pedido foi igualmente negado.